É proibido driblar, de Adams Alpes
É proibido driblar! No
futebol contemporâneo, intitulado por muitos teóricos do esporte como moderno,
está terminantemente vetada a opção do drible. Os craques de hoje já não podem passar
a bola entre as pernas do adversário, dar chapéus, tentar carretilhas, entre
outros meios esportivos de fazer a bola ultrapassar os adversários de forma
alegre e descontraída. E quem perde com isso é o futebol e, consequentemente, o
público. E se perder o público, perde-se o encanto, a magia.
A torcida vibra com cada
lance no estádio. Junto disso, grita olé e acompanha vidrada os dribles de um
jogador, que se destaca, vai pra cima, tenta jogadas individuais, enfim,
dribla. Todavia, no momento em que esse jogador tenta um drible, a mídia e os
politicamente corretos de plantão infiltrados no mudo do esporte afirmam que
tudo não passa de uma firula. Isso é inadmissível! Espere aí, vamos lá. Muita
calma nessa hora. É bom que se diga que há uma grande diferença entre firula e
drible. Este se faz necessário, tem objetividade, procura o gol depois de
atropelar o adversário. Já aquele não passa de uma forma antiesportiva de
humilhar o outro, de deixá-lo em maus lençóis. E o pior de tudo isso é que
aceitamos as críticas aos jogadores que trazem alegria nas pernas, queimando-os
vivos em grandes meios de comunicação, sem ao menos defendê-los por suas
acrobacias que deixam o futebol mais interessante. Apenas baixamos a cabeça.
Assim, se continuarmos
pensando dessa forma, será muito triste o futuro que visualizo no esporte mais
popular do mundo. Jogadores como Garrincha, Pelé, Zico, Tostão, Rivelino,
Ronaldo, entre tantos outros, não teriam mais lugar no chato futebol clube de
hoje em dia. Sofreriam fortíssimas marcações, duríssimas críticas, mais duras que
qualquer entrada do pior zagueiro do planeta. Eles levariam direto um cartão
vermelho por tentar dar um chapéu, um vão de perna, uma carretilha. Sem contar
que, com o tempo, não seriam relacionados para os jogos e terminariam a
carreira em escolinhas de futebol tendo de ensinar jovens a tocar e dominar a
bola, apenas.
Logo, a burocracia tomaria
conta de cada linha fora e dentro dos gramados e nossos jogadores seriam muito
mais robôs treinados, ou seja, táticos, do que talentosos. Contudo, espero que
isso nunca aconteça. Quando ligo a televisão, quero ver dribles, show,
espetáculo, torcida gritando e vibrando e muita, muita alegria, mantendo a
magia do futebol viva por muito tempo ainda.