domingo, 26 de outubro de 2008

ESTUPRO ROMÂNTICO

Sofri um estupro romântico.

A confiança não passa
de uns bilhetinhos com recados.
A fé não passa
de algumas imagens celestiais na parede.
A paixão não passa...
Opa! Espere um momento.
Essa já não existe mais,
nem em toques, em olhares
e em mais nada.
O amor?
Esse sim já passou...
E dele sobrou apenas os filhos.

Sofro de um estupro romântico.

Esperava mais de mim e de ti.
Assopramos demais o fogo da paixão
e o apagamos sem reascendê-lo.

Sofro de um estupro romântico.

Esperava mais da confiança,
da fé e da paixão.
Esperava mais de nossos corpos.
Esperava mias de nossos gozos.
Esperava mais de seus mil vocês
e do mesmo eu de sempre.

Sofro de um estupro romântico
e não tenho como declarar queixa
porque ainda não é crime amar demais.

Sofro de um estupro romântico!
Quero a minha virgindade de volta.
Quero voltar a desconhecer o gozo do amor.
Quero tudo como era antes de ser um adulto.

Sofro de um estupro romântico.
Quero ser um peralta novamente.
Criança sem medo, prazer e malícia.

Sofro de um estupro romântico.
Nunca mais serei o mesmo.
Que pena, amor, serei igual aos outros.

sábado, 25 de outubro de 2008

TERRA AVISTA

Um pequeno passarinho
pousou em minha janela.
Por que esta terra tinha de ser descoberta?

Em minha janela, apoiado,
num baforejo não vejo a mata,
o mar e as luzes reluzentes da cidade
que apenas me serve de dormitório.

Antes fosse como há 500 anos,
quando nossos ancestrais
comiam da terra e do mar.

Antes fosse como há 500 anos,
quando tudo era Greco-índico
e a vida não passava de uma leve ventania
nas águas, nas florestas, nas nuvens e nas estações...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Bolor...

No momento, estou com o livro, "Bolor" em mãos. Faço leituras pausadas desse incrível livro. Gostei muito das características da narrativa. É uma rapsódia. Memórias colocadas em folhas de papel como se fosse um diário. Muito interessante!
O tempo corre de maneira desfragmentada. Em um momento do livro está cronológico, em um outro, já não está mais e neste ponto você percebe que se trata de um romance com o foco narrativo em um tempo psicológico. Demais!

Recomento a leitura. Não irão se arrepender.

O livro causa algumas reflexões sobre o amor, a paixão, o quotidiano e outros aspectos que nos rodeiam na vida. Provoca questionamentos, mas nada que faça uma pessoa resolvida mudar de opinião.

Leiam! É muito bom!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

um pequeno bate-papo filosófico...

Algumas idéias pertubam-me nesse momento.
Estou lendo, Metafísica do Amor e Metafísica da Morte, do filósofo alemão, Arthur Schopenhauer. Célebre! Excelente livro.
Um filósofo de vida intensa, melancólica, mas que infelizmente não seguiu a sua filosofia.
Ultimamente, essa leitura tem me levado à algum tipo de tristeza, angústia desproporcional à condição de vida que tenho.
Não tenho motivos para tristeza, mas são tantos os pensamentos que me assombram, que tenho vergonha de tê-los e dizê-los a alguém.
Queria poder arrancar-lhes de meu encéfalo e prendê-los em um baú e jogá-los no fundo do mar. São pensamentos destrutivos, monstruosos, de péssimo gosto.
Ao lado de todos esses pensamentos, caminham minhas dúvidas diárias a respeito de tudo: da vida, do amor...

Atualmente, algumas sombras, fantasmas e preocupações me assolam com questões que quero ouvir a resposta, mas, tem que ser a resposta que quero ouvir e não a que tem que ser dita.

Enquanto essa tormenta de razões e emoções não cessa, fico, a cada passo, mais atormentado e, também, aliviado por algumas coisas que sei e que são somente minhas.
Enquanto essa tormenta não passa, continuarei a amar você, meu Amor.
Só peço que não deixe a tormenta levar nossos barcos para longe da costa, para perderem-se, desbravando horizontes que, sabemos, nunca nos levarão à lugar nenhum.

Sou e sempre serei seu.