Não existe esse
negócio de amor próprio. Tudo isso é papo furado de pessoas ressentidas. Esse ressentimento
se explica, justamente, pela necessidade e da carência da pessoa sentir de que
precisa mais do outro do que, realmente, de si. Logo, o tal sentimento de amor
próprio que todo ressentido busca não passa de uma desculpa esfarrapada para
ser aprovado, aceito, amado etc. pelo o outro ou pela sociedade.
Sendo assim, entrar
em uma academia, grudar nos amigos, conhecer inúmeras pessoas que não ficarão
em sua vida e a filosofia do “pego, mas não me apego” fazem parte de um
problema ainda maior e mais complexo: a puríssima e desesperadora necessidade
de ser aceito em grupo e, principalmente, pelo o outro.
Por isso, as pessoas malham,
cada vez mais, horas e horas inesgotavelmente, para que a sociedade as aceite e
para impressionar o outro. Também é por isso que elas conhecem e colecionam dia
a dia pessoas novas para abrir o leque de opções e, como não deveria ser
diferente, óbvio, para impressionar alguém, o novo, porque os que estão em sua
vida, neste caso os velhos, não se impressionam mais.
Além disso, as
pessoas pegam sem se apegar na tentativa incansável de um eterno esperar de que
o outro pegue e se apegue nelas. Dessa forma, o mito de Narciso é a
representação dessa eterna busca pelo amor próprio e, inclusive, pela a
impressão causada no outro, isto é, dessa necessidade do outro: ele, Narciso,
ao se olhar no lago, pensou se tratar de outra pessoa, uma vez que não conhecia
sua fisionomia; assim, ao querer encontrar com essa outra pessoa, adentrou no
rio, pensando que poderia se aproximar daquele outro que o dominou com sua beleza;
talvez, nesse momento, percebeu que a imagem refletida no lago tratava-se de ser
a dele mesmo.
Portanto, o propósito
do amor próprio é sempre o outro, e não o auto, a si mesmo. E para piorar a
minha indignação com essa balela do amor próprio, me irrito mias e mais ao
abrir o facebook e ver posts sobre o amor próprio, hashtags e o escambal a
respeito de como a pessoa age para reconquistar o amor próprio. Como eu disse,
não passa de balela voltada para o outro.
Rio
de Janeiro, setembro de 2013.
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