Em tempos modernos, já não sei mais o que é o romantismo. A
modernidade está transformando a ideia que tenho dele. Por exemplo: outro dia
fui almoçar em uma rede de fast-food.
Eu esperava meu prato, um frango empanado com arroz e batata frita, e um suco
de limão. Enquanto eu aguardava meu almoço, observava as pessoas ao meu redor,
especificamente os casais. Avistei três, todos de faixa etária diferente. Um
casal era de jovens; o outro, de meia-idade; e o terceiro, de idosos.
Meu prato chegou. Comecei a comer, bem lentamente,
continuando minha observação. Percebi que todos esses homens e mulheres não
conversavam à mesa, sequer se olhavam, nem carinhos eram trocados gratuitamente,
mesmo que discretamente. Achei muito estranho. Esses casais não conversavam,
não se tocavam. Refleti sobre o que estava acontecendo, o que poderia não ser
de hoje. Então, pensei que não deve ser obrigatoriamente só com esses pares de
machos e fêmeas. Acho que sempre foi assim com quase tudo, com quase todos os
animais. Com os supostos e futuros cônjuges, isso é mais visível, eles não
conversam. Me pergunto: quando é que conversam? Quando têm de pagar contas?,
decidir quem vai à reunião de pais na escola?, sobre quem vai levar o filho ao
médico? e tantas outras responsabilidades que acumulam na vida?
Provavelmente, sempre deve ter sido assim. Desde antes de
meus avós até este momento. Os casais devem pensar que a vida em casal se
restringe aos momentos de conversas sobre os problemas, sobre os filhos e
também aos momentos de sexo.
É uma pena observar que o romantismo, o toque, o olhar, a
vida conjugal agradável e carinhosa é ceifada da demonstração pública em
sociedade. Uma vez condenado o beijo em público, mesmo que seja um selinho,
condenam-se também as demonstrações de carinhos, os toques, os olhares
insinuantes; mata-se todo o romantismo, transformando a vida conjugal num ato
mecânico, separado, ainda, pelo o que pode e o que não pode.
Realmente, a modernidade, pelo o que parece, veio pra
revolucionar o mundo, mas prometendo respostas que até hoje não pode dar.
Adams
Alpes, São Bernardo do Campo, agosto de 2013.
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